A palavra Deus, para mim, é nada mais que a expressão e produto da fraqueza humana; a Bíblia, uma coleção de lendas honradas, mas ainda assim primitivas, que são bastante infantis.

— Albert Einstein

segunda-feira, 28 de março de 2011

O que a Aposta de Pascal diz sobre quem a usa?


Que atire o primeiro mouse de bolinha aquele que nunca viu alguém usar a Aposta de Pascal como argumento válido para a crença em Deus.
Pra quem não sabe, e, portanto, vivia numa caverna até bem pouco tempo atrás, a Aposta de Pascal é uma forma de tentar justificar a crença em alguma religião de uma maneira bem lógica, se por lógica você entender infantil. Consiste no seguinte:
  • Se você acredita em Deus e estiver certo, vai pro céu.
  • Se você acredita em Deus e estiver errado, nada acontece.
  • Se você não acredita em Deus e estiver certo, nada acontece.
  • Se você não acredita em Deus e estiver errado, vai pro inferno.
Olhando assim, até parece que faria sentido. Se Deus existe, você tem que acreditar nele pra ir pro céu e você não pode desacreditar nele ou irá para o inferno. Mas os crentes esquecem-se de outros detalhes:
  • Você tem que escolher a religião certa, e há mais de 4.000 delas. Portanto, a chance de estar errado ao escolher uma religião é altíssima pois além de acreditar, tem que escolher a certa.
  • Você perde muita coisa ao acreditar em Deus se estiver errado. E não falo das manhãs de domingo que você podia estar dormindo. O dinheiro que você gasta com dízimo por exemplo te daria uma casa nova se guardasse a grana por uns 10 anos na poupança mais ou menos. Sem contar que, dependendo da denominação que você pertencer, você pode perder a vida sua ou de alguém por não fazer transplante de sangue ou pode acabar enxotando um ente querido por achar que ele tá cometendo algum pecado que, caso não fosse religioso, você nem se importaria.
  • Uma pessoa não escolhe no que acreditar, muito menos com esse tipo de argumento. Digo, Deus, se existir, provavelmente iria notar se alguém está fingindo acreditar só pra não ir para o inferno. Levando em conta que os crentes dizem que ele liga muito pra essas coisas, então provavelmente ele iria mandar a pessoa pro inferno do mesmo jeito.
Bom, se percebeu, o argumento é retardado. Pascal era bom com matemática, então provavelmente esse argumento era algum tipo de piada ou coisa assim. Ele poderia ter facilmente calculado a probabilidade de alguém ir ou não para o inferno com alguma fórmula, mas ao invés disso preferiu usar de um argumento bem chinfrim pra agradar os religiosos ou foi muito preguiçoso ao conversar com algum ateu.
Mas existe outra implicação da Aposta de Pascal. Ela nos diz muito sobre quem a usa.
Já reparou que o principal argumento para convencer as pessoas a acreditar em Deus é o de que ela irá para o inferno se estiver errada na pior das hipóteses? É como se perguntassem “Você não tem medo de ir para o inferno?”
É claro que se uma pessoa é ateísta, obviamente essa pessoa não acredita em inferno. Nenhum ateu tem medo de ir para o inferno pois isso só existe na religião, que é algo que ele não acredita. Quer dizer… dãããr! Mas a pessoa que usa a Aposta de Pascal tá com tanto medo do inferno que quer usar esse medo para convencer as pessoas de que ela está certa. Não só isso: ela foi ensinada que ela deve te converter para obter salvação pra você e pra ela.
Leia de novo: a pessoa que usa a Aposta de Pascal tá é com medo mortal de ir para o Inferno e tá fazendo o que pode pra não ir pra lá.
A princípio pode parecer algo besta, mas o medo do inferno é muito real nessas pessoas. Elas são ensinadas desde crianças de que, se não acreditarem em Deus, elas irão quando morrer para um lugar onde vão sentir dores terríveis a cada segundo, todos os minutos de todas as horas de todos os dias de um período que não vai acabar nunca. Elas acreditam que receberão o pior dos pesadelos se cometerem um deslize bem bobinho. Isso me deixa até com dó dessas pessoas.
Nós ateus temos praticamente a obrigação moral de amenizar o medo que as pessoas tem do inferno. Muitos já foram bastante religiosos e sabem bem como algo assim pode causar angústia.
Então, se alguém usar a Aposta de Pascal e você estiver por perto, lute contra a indocrinação religiosa informando essa pessoa de que um Deus realmente bondoso, assim como nossos pais, nunca nos condenariam ao pior castigo só por não acreditarmos nele ou por brigarmos com ele. Aliás, uma pessoa realmente bondosa não mandaria um ser com vida finita e que tivesse cometido pecados finitos a uma pena infinita pois seria infinitamente mau.
Convenhamos, isso que eu disse agora faz muito mais sentido do que as religiões, além de trazer mais paz de espírito. Já usei esse argumento em discussões na vida real e sempre ganhei. As pessoas não gostam de pensar que seu Deus é um ser injusto. Se você diz algo que faz mais sentido do que as religiões, as pessoas começam a questioná-la também, e essa pessoa pode acabar virando ateísta. Não é algo bom?

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