
Planeta oceânico orbitando Gliese 581 - Crédito©: Karen Wehrstein {1}
George Dvorsky defende uma forte opinião quanto à
‘hipótese da terra rara’ em seu blog
Sentient Developments,
referindo-se a esse tema como uma desilusão e contestando os motivos
pelos quais a vida na galáxia é provável de ser incomum. O post lembra o
livro que deu origem a tudo isso:
Rare Earth: Why Complex Life is Uncommon in the Universe
(Copernicus, 2000), escrito por Peter Ward e Donald Brownlee. Os
autores do livro argumentam que a vida complexa (multicelular) na Terra
só foi possível devido a uma incrível cadeia de circunstâncias
acidentais. Ward e Brownlee defendem que grande parte da nossa galáxia é
composta de ‘zonas mortas’.
O tema é complexo e envolve fatores como o lugar do planeta na
zona habitável da galáxia
(um assunto controverso), sua órbita em torno da sua estrela, seu
tamanho, seus satélites, sua magnetosfera, suas placas tectônicas, e
muito mais.
Quem afinal está com a razão?
Vejamos a seguir…

Refinando
os cálculos da órbita de Gliese 581 d, descoberto em 2007, os
astrônomos confirmaram a sua presença dentro da zona de habitação de
Gliese 581, onde a água liquida pode existir. O diagrama acima mostra os
planetas do Sistema Solar (na barra superior) comparando suas
distancias com os exoplanetas de Gliese 581 (barra inferior). A zona de
habitação está representada pela zona azulada, mostrando Gliese 581 d
como um planeta dentro da zona de habitação. Crédito: ESO {2}
Dvorsky assinala o trabalho de Charles Lineweaver, que sugere que a
nossa galáxia começou a formar planetas muito antes do Sol “ascender” e
também chama a atenção para a ciência exoplanetária, que está
descobrindo muitos novos mundos. O ponto que George Dvorsky tem abordado
é que a vida teve uma enorme quantidade de tempo para surgir, e que há
uma enorme gama de galáxias nas quais ela pôde evoluir.
Vejamos um exemplo marcante dessa discussão sobre a raridade ou não de vida fora da Terra: Gliese 581 c.
Gliese 581 c foi o primeiro planeta
“parecido com à Terra”, descoberto em 2007 orbitando a estrela vermelha
Gliese 581. Está apenas 20 anos luz distante da Terra, tem um diâmetro
de 1,5 vezes o diâmetro da Terra, é suspeito de ter água e atmosfera, e
sua temperatura vária entre 0 e 40 graus Celsius.
Se nós somos um em um bilhão, e
considerando que existem apenas 0,004 estrelas por anos luz cúbicos,
quais as chances de ter um planeta parecido com a Terra em meros 20 anos
luz de distância?
Atualmente Gliese 581 c é
geralmente considerado muito próximo de sua estrela para ser habitável
(assim como Vênus está para o Sol e é o planeta mais quente do sistema
solar, com um efeito estufa descontrolado). Mas outro planeta do sistema
Gliese 581 é uma melhor aposta:
Gliese 581 d, que se apresenta no limite da borda da zona habitável (assim como Marte está para o Sol mas
Gliese 581 d
é uma super-Terra e provavelmente possui uma densa atmosfera,
magnetosfera e possivelmente água em abundância), e talvez seja melhor
para especular sobre vida do que Gliese 581 c, que agora nos parece ser
um verdadeiro inferno. Mas nenhum desses dois mundos massivos, chamados
de super-Terras, é verdadeiramente parecido com a Terra, e a questão
sobre vida fora da Terra precisa aguardar mais dados para ser resolvida.
Um trabalho recente de Brian Jackson, Richard Greenberg e Rory Barnes,
sugere que o aquecimento de maré em Gliese 581 c pode ser três vezes
maior do que aquilo que vemos em Io, e isso não é um bom sinal.

Uma lua extrasolar ou exolua oceânica orbitando um exoplaneta gigante gasoso. Crédito: Ray Lustig {3}
Não temos ainda uma boa leitura para saber quanto habitável é um exoplaneta ou uma
exolua,
ou se a Terra é rara. Afinal, Peter Ward e Donald Brownlee podem estar
certos? Ainda não sabemos! Neste momento faltam dados suficientes para
comprovação da tese.
Alan Boss, autor do recente
The Crowded Universe: The Search for Living Planets,
vê como incrivelmente comuns Terras presentes no universo. Boss fez
essa espantosa declaração: “… cada estrela do tipo do Sol provavelmente
tem planetas parecidos com a Terra, ou algo muito próximo a isto”.
Mas e a questão: Existem outras civilizações? Elas também sonham em viajar para as estrelas ou mundos?
Temos que aguardar os resultados de
nossas explorações. Talvez um dia os sucessores do telescópio espacial
Kepler registrem a assinatura espectroscópica de um mundo vivo, seja ele
um exoplaneta ou uma enorme
exolua orbitando um exoplaneta gigante…
Fontes e referências:
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