A palavra Deus, para mim, é nada mais que a expressão e produto da fraqueza humana; a Bíblia, uma coleção de lendas honradas, mas ainda assim primitivas, que são bastante infantis.

— Albert Einstein

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Existem outras civilizações? Elas também sonham em viajar para outras estrelas e mundos?


Planeta oceânico orbitando Gliese 581 - Crédito©: Karen Wehrstein
Planeta oceânico orbitando Gliese 581 - Crédito©: Karen Wehrstein {1}
George Dvorsky defende uma forte opinião quanto à ‘hipótese da terra rara’ em seu blog Sentient Developments, referindo-se a esse tema como uma desilusão e contestando os motivos pelos quais a vida na galáxia é provável de ser incomum. O post lembra o livro que deu origem a tudo isso: Rare Earth: Why Complex Life is Uncommon in the Universe (Copernicus, 2000), escrito por Peter Ward e Donald Brownlee. Os autores do livro argumentam que a vida complexa (multicelular) na Terra só foi possível devido a uma incrível cadeia de circunstâncias acidentais. Ward e Brownlee defendem que grande parte da nossa galáxia é composta de ‘zonas mortas’.
O tema é complexo e envolve fatores como o lugar do planeta na zona habitável da galáxia (um assunto controverso), sua órbita em torno da sua estrela, seu tamanho, seus satélites, sua magnetosfera, suas placas tectônicas, e muito mais.
Quem afinal está com a razão?
Vejamos a seguir…

Refinando os cálculos da órbita de Gliese 581 d, descoberto em 2007, os astrônomos confirmaram a sua presença dentro da zona de habitação de Gliese 581, onde a água liquida pode existir. O diagrama acima mostra os planetas do Sistema Solar (na barra superior) comparando suas distancias com os exoplanetas de Gliese 581 (barra inferior). A zona de habitação está representada pela zona azulada, mostrando Gliese 581 d como um planeta dentro da zona de habitação. Crédito: ESO {2}
Refinando os cálculos da órbita de Gliese 581 d, descoberto em 2007, os astrônomos confirmaram a sua presença dentro da zona de habitação de Gliese 581, onde a água liquida pode existir. O diagrama acima mostra os planetas do Sistema Solar (na barra superior) comparando suas distancias com os exoplanetas de Gliese 581 (barra inferior). A zona de habitação está representada pela zona azulada, mostrando Gliese 581 d como um planeta dentro da zona de habitação. Crédito: ESO {2}
Dvorsky assinala o trabalho de Charles Lineweaver, que sugere que a nossa galáxia começou a formar planetas muito antes do Sol “ascender” e também chama a atenção para a ciência exoplanetária, que está descobrindo muitos novos mundos. O ponto que George Dvorsky tem abordado é que a vida teve uma enorme quantidade de tempo para surgir, e que há uma enorme gama de galáxias nas quais ela pôde evoluir.
Vejamos um exemplo marcante dessa discussão sobre a raridade ou não de vida fora da Terra: Gliese 581 c.

Gliese 581 c foi o primeiro planeta “parecido com à Terra”, descoberto em 2007 orbitando a estrela vermelha Gliese 581. Está apenas 20 anos luz distante da Terra, tem um diâmetro de 1,5 vezes o diâmetro da Terra, é suspeito de ter água e atmosfera, e sua temperatura vária entre 0 e 40 graus Celsius.
Se nós somos um em um bilhão, e considerando que existem apenas 0,004 estrelas por anos luz cúbicos, quais as chances de ter um planeta parecido com a Terra em meros 20 anos luz de distância?
Atualmente Gliese 581 c é geralmente considerado muito próximo de sua estrela para ser habitável  (assim como Vênus está para o Sol e é o planeta mais quente do sistema solar, com um efeito estufa descontrolado). Mas outro planeta do sistema Gliese 581 é uma melhor aposta: Gliese 581 d, que se apresenta no limite da borda da zona habitável (assim como Marte está para o Sol mas Gliese 581 d é uma super-Terra e provavelmente possui uma densa atmosfera,  magnetosfera e possivelmente água em abundância), e talvez seja melhor para especular sobre vida do que Gliese 581 c, que agora nos parece ser um verdadeiro inferno. Mas nenhum desses dois mundos massivos, chamados de super-Terras, é verdadeiramente parecido com a Terra, e a questão sobre vida fora da Terra precisa aguardar mais dados para ser resolvida. Um trabalho recente de Brian Jackson, Richard Greenberg e Rory Barnes, sugere que o aquecimento de maré em Gliese 581 c pode ser três vezes maior do que aquilo que vemos em Io, e isso não é um bom sinal.
Uma lua extrasolar ou exolua oceânica orbitando um exoplaneta gigante gasoso. Crédito: Ray Lustig {3}
Uma lua extrasolar ou exolua oceânica orbitando um exoplaneta gigante gasoso. Crédito: Ray Lustig {3}
Não temos ainda uma boa leitura para saber quanto habitável é um exoplaneta ou uma exolua, ou se a Terra é rara. Afinal, Peter Ward e Donald Brownlee podem estar certos? Ainda não sabemos! Neste momento faltam dados suficientes para comprovação da tese.
Alan Boss, autor do recente The Crowded Universe: The Search for Living Planets, vê como incrivelmente comuns Terras presentes no universo. Boss fez essa espantosa declaração: “… cada estrela do tipo do Sol provavelmente tem planetas parecidos com a Terra, ou algo muito próximo a isto”.
Mas e a questão: Existem outras civilizações? Elas também sonham em viajar para as estrelas ou mundos?
alien-contact
Temos que aguardar os resultados de nossas explorações. Talvez um dia os sucessores do telescópio espacial Kepler registrem a assinatura espectroscópica de um mundo vivo, seja ele um exoplaneta ou uma enorme exolua orbitando um exoplaneta gigante…

Fontes e referências:

Astronomy & Astrophisics: Habitable planets around the star Gliese 581? por F. Selsis, J. F. Kasting, B. Levrard, J. Paillet, I. Ribas, e X. Delfosse
Portal do Astrônomo: Da Terra Rara a Xenobiologia
Micro/Macro (Marcelo Gleiser): Terra Rara
{3} Hubbleart: “Universal Sea” por Ray Lustig

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