quinta-feira, 26 de maio de 2011
Existem outras civilizações? Elas também sonham em viajar para outras estrelas e mundos?
George Dvorsky defende uma forte opinião quanto à ‘hipótese da terra rara’ em seu blog Sentient Developments,
referindo-se a esse tema como uma desilusão e contestando os motivos
pelos quais a vida na galáxia é provável de ser incomum. O post lembra o
livro que deu origem a tudo isso: Rare Earth: Why Complex Life is Uncommon in the Universe
(Copernicus, 2000), escrito por Peter Ward e Donald Brownlee. Os
autores do livro argumentam que a vida complexa (multicelular) na Terra
só foi possível devido a uma incrível cadeia de circunstâncias
acidentais. Ward e Brownlee defendem que grande parte da nossa galáxia é
composta de ‘zonas mortas’.
O tema é complexo e envolve fatores como o lugar do planeta na zona habitável da galáxia
(um assunto controverso), sua órbita em torno da sua estrela, seu
tamanho, seus satélites, sua magnetosfera, suas placas tectônicas, e
muito mais.
Quem afinal está com a razão?
Vejamos a seguir…
Vejamos um exemplo marcante dessa discussão sobre a raridade ou não de vida fora da Terra: Gliese 581 c.
Gliese 581 c foi o primeiro planeta
“parecido com à Terra”, descoberto em 2007 orbitando a estrela vermelha
Gliese 581. Está apenas 20 anos luz distante da Terra, tem um diâmetro
de 1,5 vezes o diâmetro da Terra, é suspeito de ter água e atmosfera, e
sua temperatura vária entre 0 e 40 graus Celsius.
Se nós somos um em um bilhão, e
considerando que existem apenas 0,004 estrelas por anos luz cúbicos,
quais as chances de ter um planeta parecido com a Terra em meros 20 anos
luz de distância?
Atualmente Gliese 581 c é
geralmente considerado muito próximo de sua estrela para ser habitável
(assim como Vênus está para o Sol e é o planeta mais quente do sistema
solar, com um efeito estufa descontrolado). Mas outro planeta do sistema
Gliese 581 é uma melhor aposta: Gliese 581 d, que se apresenta no limite da borda da zona habitável (assim como Marte está para o Sol mas Gliese 581 d
é uma super-Terra e provavelmente possui uma densa atmosfera,
magnetosfera e possivelmente água em abundância), e talvez seja melhor
para especular sobre vida do que Gliese 581 c, que agora nos parece ser
um verdadeiro inferno. Mas nenhum desses dois mundos massivos, chamados
de super-Terras, é verdadeiramente parecido com a Terra, e a questão
sobre vida fora da Terra precisa aguardar mais dados para ser resolvida.
Um trabalho recente de Brian Jackson, Richard Greenberg e Rory Barnes,
sugere que o aquecimento de maré em Gliese 581 c pode ser três vezes
maior do que aquilo que vemos em Io, e isso não é um bom sinal.
Não temos ainda uma boa leitura para saber quanto habitável é um exoplaneta ou uma exolua,
ou se a Terra é rara. Afinal, Peter Ward e Donald Brownlee podem estar
certos? Ainda não sabemos! Neste momento faltam dados suficientes para
comprovação da tese.
Alan Boss, autor do recente The Crowded Universe: The Search for Living Planets,
vê como incrivelmente comuns Terras presentes no universo. Boss fez
essa espantosa declaração: “… cada estrela do tipo do Sol provavelmente
tem planetas parecidos com a Terra, ou algo muito próximo a isto”.
Mas e a questão: Existem outras civilizações? Elas também sonham em viajar para as estrelas ou mundos?
Temos que aguardar os resultados de
nossas explorações. Talvez um dia os sucessores do telescópio espacial
Kepler registrem a assinatura espectroscópica de um mundo vivo, seja ele
um exoplaneta ou uma enorme exolua orbitando um exoplaneta gigante…
Centauri Dreams: Rare Earth? Not Enough Data to Know
Centauri Dreams: Habitable Zones Around Gliese 581
Physorg.com News : Gliese 581: one planet might indeed be habitable
Astronomy & Astrophisics: Habitable planets around the star Gliese 581? por F. Selsis, J. F. Kasting, B. Levrard, J. Paillet, I. Ribas, e X. Delfosse
Portal do Astrônomo: Da Terra Rara a Xenobiologia
SolStation.com: Stars and Habitable Planets
Micro/Macro (Marcelo Gleiser): Terra Rara
{1} APOD: O sol de Gliese 581 c por Karen Wehrstein
{2} ESO: Lightest exoplanet yet discovered
{3} Hubbleart: “Universal Sea” por Ray Lustig
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