Para começar esta teoria é uma das mais bem aceitas dentro da ciência. Até mesmo a Igreja Católica se rendeu às evidências e decidiu aceitar (ou seria reconhecer?) a veracidade da mesma. Apenas vozes dissonantes de alguns cientistas (?) religiosos tentam desqualificar o que Darwin um dia descobriu. Em um post anterior, já expliquei o que é a Teoria de Evolução. Aqui, continuarei a falar um pouco mais sobre ela.
Um dos ataques mais ingênuos é quando a pessoa decide discutir o termo “teoria”. Afinal, alegam, se é apenas uma teoria por que tantos cientistas “creem” nela? Bom, pelo nosso dicionário, realmente a palavra “teoria” é sinônimo de “hipótese, opinião, achismo”. Mas na ciência, teoria é um conceito mais amplo. Na Wikipedia há um excelente trecho dando uma definição simples e objetiva para nossos propósitos:
“Uma definição científica de teoria é a de que ela é uma síntese aceita de um vasto campo de conhecimento, consistindo-se de hipóteses necessariamente falseáveis, mas não por isto erradas, dúbias e tampouco duvidosas, que foram e são permanentemente e devidamente confrontadas com os fatos científicos, fatos estes que integram um conjunto de evidências que, juntamente com as hipóteses, alicerçam o conceito de teoria científica.Logo, achar que “teoria” de evolução é apenas uma das “hipóteses” para como a vida evoluiu é um erro oriundo do desconhecimento do uso do termo. Alguns ataques, contudo, tem uma roupagem mais científica. Michael J. Behe, professor de bioquímica em Lehigh University disse certa vez que o flagelo de certas bactérias, como o da E. coli, que permite que elas se locomovam, é uma estrutura complexa demais a ponto de ser improvável que tenha evoluído gradativamente. A intrincada combinação de proteínas que formam este motor funciona apenas se todas as “peças” estiverem presentes e no seu devido lugar. Remova apenas um elemento qualquer e o flagelo perde sua funcionalidade. O próprio Darwin já admitia:
A teoria é assim não somente o conjunto de idéias, tampouco somente o conjunto de fatos, mas a união indissociável dos dois conjuntos, o de idéias e o de fatos. A teoria da gravitação universal de Newton é um corpo de ideias que permite ao cientista explicar um conjunto de fatos observacionais relacionados, a exemplo, a queda de uma maçã ou mesmo o movimento da lua ao redor da Terra. Além disso, esta teoria permite fazer predições sobre novas ocorrências, a saber como estes corpos comportar-se-ão com o passar do tempo, ou como outros corpos massivos, a exemplo, um satélite artificial ou uma sonda espacial, mover-se-ão sob a mesma influência causal que determina a ocorrência das observações anteriores conforme foram observadas. Fatos e idéias andam necesariamente juntos em uma teoria científica.”
"Se se pudesse demonstrar a existência de algum órgão complexo que não pudesse de maneira alguma ser formado através de modificações ligeiras, sucessivas e numerosas, minha teoria ruiria inteiramente por terra" (Darwin, C. R., Origem das Espécies, p.161).
Behe chamava isto de “complexidade irredutível”. Ele clama que algum tipo de “agente inteligente” teria que ter projetado aquela estrutura. Esta sua teoria foi repetidamente rejeitada pela comunidade científica[3][4][5], além do fato de que sua própria universidade emitiu uma nota oficial condenando a visão de design inteligente de Behe.[6][7].
Abaixo, temos a Escherichia coli (bactéria E. coli) vista sob o microscópio eletrônico. Observe os flagelos que elas possuem em uma de suas extremidades. O flagelo apareceu na bactéria e promove sua locomoção, habilidade que aumentou suas chances de sobrevivência e reprodução.
Abaixo, temos uma visão da base deste flagelo no microscópio eletrônico, bem como a descrição de alguma de suas partes. Realmente, como muitas outras formas de vida, este pequeno mecanismo é de uma complexidade desconcertante.
No final de 2005, um grupo de pais na cidade de Dover, EUA, entrou na justiça quando soube que a escola local queria ensinar o conceito de design inteligente nas aulas de ciência. No tribunal, Behe foi um dos defensores do ensino do design inteligente como sendo uma teoria científica alternativa à da evolução. Felizmente, havia no tribunal um grande cientista contrário a Behe e seu criacionismo: Kenneth Raymond Miller, um cristão devoto. Behe dizia que não havia uma estrutura semelhante ao flagelo que permite uma bactéria se locomover. Mas Kenneth apresentou estudos que mostravam que há muito tempo já se conheciam diversos flagelos para variados fins em outras bactérias.
Como no caso da bactéria Yersinia pestis, responsável pela transmissão da peste bubônica. O flagelo dessa bactéria não roda, portanto não é usado como motor. Porém é usado como agulha para infectar o hospedeiro. Na estrutura do Y. pestis, apesar de extremamente similar, faltam muitas proteínas que estão presentes no flagelo E. coli, porém ainda assim ela é plenamente funcional. Segundo estudos, fica claro que a o flagelo que permite a locomoção de bactérias é apenas uma das facetas da evolução destas estruturas nestes microrganismos. Abaixo, podemos ver a complexidade do flagelo da Y. pestis e outras bactérias gram-negativas num artigo da Nature que explora a evolução destas estruturas.
Com estas e outras provas científicas apresentadas ao longo do julgamento, uma vez mais, o conceito de design inteligente estava refutado científica e legalmente. No final do julgamento em Dover, o juiz proibiu qualquer menção ou ensino de teorias oriundas do conceito de design inteligente nas escolas de aula baseando-se na laicidade prevista pela Constituição dos EUA. O juiz passou a sofrer ameaças de morte, bem como os moradores de Dover que lutaram pela proibição.
Infelizmente, este é o cenário resultando do conflito com religiosos. Ao invés de estudarem e trazerem críticas científicas ou novas teorias, alguns radicais partem para a simples e pura ameaça. “Mexa com minha fé e morra”, é o que pregam. Estes esquentadinhos deveriam se contentar em ensinar o que quiserem, mas dentro de suas casas e congregações religiosas. Não há espaço para misticismo na ciência. A Teoria da Evolução segue sendo o principal conjunto de conhecimentos que explicam a diversidade da vida na Terra. E os cientistas e estudiosos não “creem” na tal teoria. Não há “crença” dentro da ciência. Ela é apenas a melhor explicação. Ponto final.
"Os religiosos, contudo, negam o processo de evolução". Uma afirmação falaciosa. O Criacionismo não exclui o processo adaptativo das espécies que muitos chamam de evolução (sem mesmo conhecer a amplitude do termo, muitas vezes), apenas não aceitam a macroevolução, simplesmente porque esta não é observada atualmente. O Design Inteligente trata especificamente de causa e efeito, não de adaptação, mesmo sem desmerecer seu importante papel nos organismos.
ResponderExcluir"Para começar esta teoria é uma das mais bem aceitas dentro da ciência. Até mesmo a Igreja Católica se rendeu às evidências e decidiu aceitar (ou seria reconhecer?) a veracidade da mesma". Quem lê uma frase dessas pode quase ser enganado a pensar que TODOS CIENTISTAS confirmam, com seus estudos, a teoria de Darwin e não é bem isso que a Biologia Molecular tem desmontrado. Acho engraçado, quando a Igreja Católica vai contra ela "não presta", quando vai a favor "serve como argumento" para comprovar que o Darwinismo oferece "todas" explicações.
Mas devo concordar contigo em um ponto. Para ser Evolucionista o "caboclo" tem que estudar muito, mas para defender um Criador ou Planejador inteligente basta começar a estudar a Bíblia. Ai encontra-se a diferença gritante que vemos nos blogs aos montões que tratam dessa temática. Infelizmente, por causa disso, falsos argumentos são produzidos de ambos os lados com boa intenção inicial, mas com ferramentas reprováveis e uma delas é o ataque ao "teoria". Ja fiz isso uma vez, mas não mais hoje, existem outros argumentos que poderiam ser utilizado e que o Evolucionismo não apresenta respostas claras e objetivas.
As vezes me pergunto se o problema são as MUITAS religiões ou são, de fato, o que as evidências permitem concluir. No primeiro item não haverá conclusão sólida alguma, no segundo, será que estamos sendo guiados pelas evidências ou pelas teorias? Essa reflexão vale para ambos os lados!