Os avanços científicos atuais já permitem a criação de ratos com lesões similares às causadas por um derrame cerebral, para que sejam depois injetadas células tronco humanas, a fim de corrigir os danos.
terça-feira, 11 de outubro de 2011
Cientistas temem que pesquisas médicas criem macacos falantes
Relatório
da Academia de Ciências Médicas britânica alerta para anomalias
decorrentes do abuso no transplante de células humanas em animais
Para relatório, 'criar características como a linguagem ou aparência humana' levanta questões éticas
A
Academia de Ciências Médicas da Grã-Bretanha está pedindo ao governo
que estipule regras mais estritas paras as pesquisas médicas envolvendo
animais. O grupo teme que experimentos envolvendo transplante de células
acabem criando anomalias, como macacos com a capacidade de pensar e
falar como os humanos.
O
alerta ressalta o debate da questão dos limites da pesquisa científica.
Um dos autores do relatório, o professor Christopher Shaw, do King's
College de Londres, diz que tais estudos "são extraordinariamente
importantes".
A
academia ressalta ainda que não é contrária a experimentos que
envolvam, por exemplo, o implante de células e tecidos humanos em
animais.
Estudos atuais, por exemplo, transplantam células cancerígenas em ratos a fim de testar novas drogas contra o avanço da doença.
A
academia defende, no entanto, que com o avanço das técnicas estão
surgindo novos temas que precisam ser urgentemente regulados.
Avanço
Os avanços científicos atuais já permitem a criação de ratos com lesões similares às causadas por um derrame cerebral, para que sejam depois injetadas células tronco humanas, a fim de corrigir os danos.
Os avanços científicos atuais já permitem a criação de ratos com lesões similares às causadas por um derrame cerebral, para que sejam depois injetadas células tronco humanas, a fim de corrigir os danos.
Outro
estudo com implante de um cromossomo humano no genoma de ratos com
síndrome de Down também foi essencial para a compreensão da doença.
Apesar
de a maioria dos experimentos ser feita com ratos, os cientistas estão
particularmente preocupados com os testes em macacos.
Na
Grã-Bretanha são proibidas as investigações com macacos de grande porte
como gorilas, chipanzés e orangotango. Em outros países, como os
Estados Unidos, são liberadas.
"O
que tememos é que se comece a introduzir um grande número de células
cerebrais humanas no cérebro de primatas e que isso, de repente, faça
com os que os primatas adquiram algumas das capacidades que se
consideram exclusivamente humanas, como a linguagem", diz o professor
Thomas Baldwin, outro membro da academia.
"Estas são possibilidades muito exploradas na ficção, mas precisamos começar a pensar nelas", diz.
Áreas 'delicadas'
O
relatório indica três áreas particulamente "delicadas" na pesquisa com
animais: a cognitiva, a de reprodução e a criação de características
visuais que se percebam como humanas.
"Uma
questão fundamental é se o fato de povoar o cérebro de um animal com
células humanas pode resultar em um animal com capacidade cognitiva
humana, a consciência, por exemplo", diz o relatório.
O
professor Martin Bobrow, principal autor do relatório, sugere o que
chama de "prova do grande símio": se um macaco que recebeu material
genético humano começa a adquirir capacidades similares a de um
chimpanzé, é hora de frear os experimentos.
Na
área de reprodução, recomenda-se que embriões animais produzidos a
partir de óvulos ou esperma humano não se desenvolvam além de um período
de 14 dias.
O
campo mais polêmico é o de animais com características "singularmente
humanas", os experimentos que o relatório chama de "tipo Frankestein,
com animais humanizados".
Segundo
o relatório, "criar características como a linguagem ou a aparência
humana nos amimais, como forma facial ou a textura da pele, levanta
questões éticas muito fortes". BBC Brasil - Todos os direitos
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